O que é beleza?

O que é beleza?
beleza através dos tempos

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Corpo para Hertcovitch

De "esculturas vivas" à arte performática
Retirado do Livro do Herchcovitch (Livro - Herchcovitch; Alexandre , Cosac & Naify)
Em seu diálogo com as imediações do corpo, a moda há muito tempo tem com ele uma com­plexa relação - algo que só mais recentemente a arte começou a explorar. O próprio corpo, ainda mais que as representações que dele se faz em tinta ou mármore, tornou-se importante lugar de prática artística. Das "esculturas vivas" à arte performática, o corpo passou a ocupar o centro do palco. Às vezes, registra-se não sua presença, e sim sua falta: as roupas podem ser o misterio­so, pungente vestígio ou memória de uma pessoa ausente.

O que segue agora é uma tentativa de rastrear, com base na sua história, os traços mais signi­ficativos das ideias de Alexandre Herchcovitch. Três grandes áreas são delineadas: a primeira, do modo como as roupas se articulam com o corpo que é por elas abrigado, ocultado e exposto; a segunda, do papel que o fetichismo e sua lógica de deslocamento e substituição desempenham na moda; a terceira, da natureza da subjetividade masculina e feminina em relação ao desejo, e a necessidade do espetáculo e da exibição.

O corpo não habita suas roupas à maneira de um ermitão-bernardo, como se estas fossem mera carapaça: é criado e definido por elas, molda-as e é por elas moldado. Herchcovitch reinventa con­tinuamente o modo como suas roupas envolvem o corpo e, neste aspecto, parece mover-se entre dois pólos. Por um lado, trabalha para criar a mais completa forma única, um contorno em que a cabeça é apenas extensão do corpo, que permanece tesamente contido no interior de um espar­tilho ou de uma única faixa de tecido. Como ele mesmo diz, sua intenção é reter a personalidade no interior do próprio corpo, evitando que o modelo possa ser "mais do que as roupas".

Em relação a isso, há dois aspectos a

Por outro lado, Herchcovitch faz experiências com métodos de enclausuramento do corpo, pro­duzindo roupas que são especificamente independentes do próprio corpo do modelo e que assumem inesperadas e imprevistas formas quando vestidas. Essas experiências são, num certo sentido, bastante abstraías, lidando com volumes estranhos, que-enfatizam a artificiali­dade do vestuário em vez de seu caráter de "segunda pele".
Herchcovitch criou, por exemplo, volumes incomuns ao embalar com borracha retângulos sólidos, ou pirâmides, cuja geometria abstrata entra em acentuado contraste conr o corpo humano. Os moldes para esses vestidos, calças e calções de borracha são criados em estúdio, como uma espécie de antimanequim. Em veia similar, ele funde a borracha em manequins gestantes para criar trajes a ser usados por suas modelos magras. Como resultado, obtém volumes que mantêm independência de suas formas. Não se trata aqui de dizer que um método de abrigar o corpo é mais natural que o outro, e sim de reconhecer os constrangimentos e a construtividade do vestuário.

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