O que é beleza?

O que é beleza?
beleza através dos tempos

terça-feira, 12 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Reflexões e citações: Articulações




retirado do livro : Discursos da moda : semiótica, design e corpo- káthia Castilho

CORPO primeira pele :

aspecto cromático: cor da pele
aspecto matérico: tipologia, textura da epiderme
aspecto topológico:altura, volume e proporção do corpo
aspecto eidético:formas (contornos, silhuetas do corpo)




Articulações e Reflexões interessantes :





"A Roupa desassociada de um corpo é apenas um ser inerte destituida de vida, parcialmente neutralizada e esvaziada: aberta a qualquer apropriação." (p. 76 SANTANNA)



" O Corpo é o suporte da roupa, que sendo transmutado pelos tecidos, cores e formas do vestuário, os quais, expressam mudanças e alterações constantes numa sociedadede moda, articula nos seus discursos o próprio ritmo sociela, o qual o sujeito é ligado." (p.75 SANTANNA)



...retirar do corpo seu sentido organico e transvesti-lo de sentidos múltiplos.. (p.47 SANTANNA)



" A Aparência e o poder são instancias da experiência da vida moderna que se inferem infinitamente..." (p.43 SANTANNA)



"A modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da adrte, sendo aoutra metade o eterno e o imutável"(p25 baudelaire)



" O ritmo é o que dá primazia à segunda pele em relação ao corpo e sobre qual se funda e se organiza a estética do traje.(p79 SANTANA)




"Suporte gerador de significação, articulador de um discurso que permite a acáo da plasticidade da decoração corpórea nas situações de interação preseniificação e representação através de um comrato que determina valores positivos e negativos, que pode ser, em linhas gerais, polémico ou consensual, implícito ou explícito".(KASTHILHO. p.76)



A moda torna o corpo recomeçado, ressignificado e por que não dizer resocializado?

Culto ao corpo e sociedade (pequeno resumo)



O Livro de Ana Lúcia Castro analisa o culto ao corpo como forte tendência de comportamento e uma das dimensões dos estilos de vida construídos, pelo consumo, nas sociedades contemporâneas.


O livro Procura primeiro, abordar a materialidade desta prática cultural, a partir da discussão de dados relativos ao mercado da beleza e da boa forma. Num segundo momento, duas publicações relativas ao tema -Boa Forma e Corpo a Corpo - são analisadas a fim de se perceber as mediações entre mídia e sociedade, entendendo-se que entre elas existe uma relação na qual os conteúdos da sociedade são absorvidos e reciclados pelos meios de comunicação de massa e vice-versa.



Além disso, são mencionadas duas importantes "personagens" em meio a este assunto: a mídia e a industria da Beleza; estas são aspectos estruturantes e responsáveis que mediam a industria do culto ao corpo. A mídia sempre está falando do assunto incentivando o padrão X ou Y e incentivando a industria do consumo, fazendo assim seu corpo virar um produto e a segunda por dar estrutura de vendas e marketing de produtos que ajudarão nesta busca incessante pela perfeição que é impossível de ser alcançada.


Os condicionamentos sociais e as várias situações diárias que convivemos fazem com que as pessóas fiquem incentivadas à cultuaream seus corpos e perseguirem um ideal estético impossível e em geral que se torna uma patologia. Um ideal que leva à problemas de saúde já que a maioria das pessoas esquecem da saúde e se apegam à concepção comum de beleza dos tempos atuais e principalemnte no brasil aonde as taxas de compras de redutores de apetites subiram consideravelmente e as plásticas viraram uma doença. Ao entrevistar Flávia Macedo de Belo Horizonte de 19 anos ela relatou que a mãe já fizera 6 plásticas, ela 4 plásticas e a irmã 8 plásticas e relatou também que quando terminam uma já pensam na próxima que irão fazer, já pensam no próximo defeito que irão retirar do seu corpo. Isso é de fato patológico.


um ideal estético foi estabelecido socialemente e quem estiver fora dele terá que ser pelo menos magro ou o que é chamado de alternativo e mesmo assim para os espectadores caem no ridículo.

Pele Clara, cabelos lisos, pele clara e limpa, formas retilíneas e sobre tudo magras, muito magras.


A Saúde e a beleza são impostas pelas revistas, mas quando lê-se percebe-se que a saúde é apenas um disfarce para você percer 8 kilos em uma semana.


O culto ao corpo como traço cultural geral perpassa todos os setores da sociedade, mas cada classe social o trata de uma forma. Ele pode vir influenciar a menina da favela que imita a moça da novela até a menina mais rica que viaja de jatino a querer vestir manequim 00 como Keira Knightley, a atriz de hollywood que com certeza tem disturbios alimentares.


Em palavras da própria autora uma das coisas bem interessante de ler este livro : "Foi perceber que o culto ao corpo aparece como obrigação quase religiosa, o que aponta a coerção social, porém, ao mesmo tempo, possibilita a construção de uma identidade social e de estratégias de distinção, conferindo uma margem de autonomia ao indivíduo frente às imposições sociais." (CASTRO p.115)

Livro: Mulher produto com data de validade(péssimo título)



Capítulo: Erotização precoce





Corpolatria e Narcisismo na sociedade contemporanêa





A Valorização exagerada do corpo atualmente se apresenta como uma religiosidade e os adeptos não mantém esforços para sustentar os ideiais, aliás que não ficam só nos ideais ou muitas vezes nem são ideais e são apenas seguidores do que vêem no dia-a-dia ao seu redor : corpos sarados, malhados, tatuages maneiras, mulheres magras ao extremo, etc....


A concentração na auto-imagem acaba dificultando uma percepção crítica dos acontecimentos e das consequencias que são reações obvias de certas circunstancias.


A corpolatria uni vários aspectos da vida humana e estabelece uma conexão entre corpo e o uso dele na vida cotidiana social, incluindo relações com nosso trabalho, faculdade e a satisfação dos nossos desejos.


Afinal cultuar o corpo é um desejo nosso ou é um desejo que foi provocado às pessoas através de publicidade,moda, mídia no geral e principalmente consumo. Será que é de fato um desejo individual, ou é um desejo coletivo de fazer-se desejar ao outro?


O Narcisismo já foi considerado patologia para Freud, mas no início do século XX, por se referir à cada um, o indivíduo faz do seu corpo um objeto sexual e nada vai além do próprio ego do indíviduo do que a sexualidade do corpo por exemplo.


Creio que o narcisismo em demasia é sim uma patologia, por que a pessoa chega se amar tanto que se esquece dos outros indivíduos ao seu redor e só vive em sua própria adoração o que pode ser perigoso, já que os meios de idolatrar sua própria beleza, e seu próprio corpo na atualidade brasileira estão cada vez mais radicais e podem custar, muitas vezes, a própria vida.


As mulheres são a maioria no mercado a se industrializar e a tornar seus corpo um produto, tudo é para seu corpo e seu corpo é vendido mercantilizado como se fosse um objeto. O valor atribuido À concepção atual de beleza digamos que à concepção oficial : ser magra, ter cabelos lisos, ser alta, ter traços finos e inda nesta perspectiva a maioria das mulheres brasileiras com seus quadris e sua mistura racial se frustam por não ser como francesas .


Mesmo aqueles autores que falam que hoje existe lugar para o "diferente", porém se o diferente não for pelo menos magro, ele é feio. Ele pode não ser fashion e ser de vanguarda, ou metaleiro, mas sempre usará tatuagens bacanas, piercings que combinam com seu jeito...


A Contemporaneidade tem suas contradições como todos estão cansados de saber, mas quando o assunto é corpo : cultue : seja magra no mínimo use manequim 42 senão você vai passar feio e não vai achar roupa para comprar, mesmo que você seja brasileira e faça parte de um conjuntod e modelagem absurdamente diferente da modelagem europeia ou americana.

Erotização precoce
A erotização precoce do corpo tem sido outra coisa à acontecer ultimamente. As meninas vem se desenvolvendo cada vez mais cedo e começando sua vida sexual cada vez mais cedo e isso requer mudanças no corpo antes da hora, isso requer absorção da mídia do culto ao corpo com mais facilidade e menos senso crítico. Ela vê , se esta usando daquele jeito na novela , assim ela vai fazer ou se a Britney Spiers cortou o cabelo assim e emagreceu e ficou 10 kilos abaixo do peso, assim será para meninas de 12 ou 13 anos que se consideram pequenas adultas no mundo.
Apelos eroticos na mídia seduzem meninas que não sabem nem a hora que estão com fome e ainda muitas vezes pais acham bonito suas filhas fazerem danças erotizadas de cantoras do funk, do axé, do pop que aparecem na Televisão. A babá eletronica, muitas vezes educam mais as crianças, futuras jovens que cultuaram ou não seus corpos, do que os próprios pais que tem que trabalhar o dia inteiro para pagar as contas e sustentar a industria do consumo como qualquer um.
A mídia trabalha para que o padrão vigente de corpo e de beleza se estabeleça para que crianças e adolescentes em primeiro lugar consumam para tentar ficar iguais às idolas e muitas vezes adultos entram na onda da plástica para se metamorfosear e virar algo parecido com estar na moda : antes era a boca mais estreita, agora coloque botox por que é a angelina jolie que está no topo da beleza e se você quer se sentir bonita tem que colocar, tem que fazer... E a mídia nos transforma em marionetes sem senso crítico, não que alguns não tenham, mas é tão bom se sentir inserido na sociedade, é tão bom ser elogiado, aceito e visto como um membro bonito e dentro do padrão.
O Jonh Casablanca um dos sócios da playboy em uma entrevista chegou a comentar que o corpo é um atributo muito importante e que tem ter proporção principalmente cara e perna e no resto se precisar da-se um jeito. porém existe o outro lado Tem a escola de Versace : mulher tipo jenifer lopez ou Elizabeth Hurley e ainda a escola dos Ozbecksa, mais grunge, magra e androgena.
Sinceramente, mulheres são categorias de produtos a serem vendidos, cultuados ou melhorados?
Essas categorias tem algo em comum. todos podem querer se metamerforsear, mas não querem envelhecer. Existe um medo na sociedade da morte talvez ou da própria figura da velhice, por que o velho se torna feio aos olhos das pessoas? Por que todos se acostumam com certos e com errados e acham que é aquela concepção verdadeira.
Creio que a concepção de la garçone, garotinha inicia nos anos 60 com Twwigy, mas depois na decada em que vivemos se agrava com potenciais tecnológicos que vem-se crescer. Aonde fica a fonte da juventude? Por que não ser bela aos 80? Por que a metamorfose assume um controle o qual é todo da própria pessoa que quer se alterar e não pode ser natural pela deixa do tempo?
Para reflexão : O que é ter um corpo bonito hoje em dia noa brasil?
Qual consequencia de se metamorfosear?
Por que envelhecer é assustador?

2 Coleções de Ronaldo Fraga

Coleção Corpo Cru


Esta coleção concorreu como a melhor coleção feminina de 2002 pelo prêmio Abit.Para o inverno 2002; novas surpresas com a coleção corpo cru, Ronaldo Fraga abordava os conflitos entre corpo e roupa, e a coleção foi apresentada em estrutura de metal com sistema de roldanas trocando modelos por bonecos de madeira . "Do que o mundo menos precisa hoje é de mais uma coleção, mais um desfile ou mais uma lista de tendências de moda", escreveu Ronaldo Fraga em seu material para a imprensa, que bem faz as vezes de manifesto.






Obs: roupas sem corpos, tema provocante e polêmico, roupas de shapes diferenciados, roupas para todo tipo de corpo, caráter natural.


Coleção GIZ...

O desfile da coleção Giz de Ronaldo Fraga emocionou a platéia, que o aplaudiu de pé. O cenário todo branco passava a sensação de uma casa vazia, na qual se via apenas um velho vestido pendurado num cabide e bonecos gigantes, numa alusão ao lúdico e demoníaco.
A coleção mostrou o velho e o novo, representados na passarela por idosos e crianças. E como a idéia era falar sobre a "efêmera existência do risco (da vida)", as roupas foram desenhadas em volumes sombreados no melhor estilo “do quadro negro para a vida real – personagens de giz”.

Preto, branco e cinza coloriram sedas, linho, lãs e bases de algodão. As estampas em padronagens de risca-de-giz, bolinhas, flores, corações e relógios de ponteiro davam ar singelo a vestidos, calças saruel e blazers.


Um amor: sapatos de ratinho, colares com plaquinhas de lousa com dizeres escritos a giz: "bem me quer", "amada", "linda", "formosa"...








obs.: Caráter inusitado de passarela, modelos diferenciados: idosos e crianças, roupas para outros corpos senão, os que a nossa sociedade cultuam como únicos, criatividade, shapes e bordados alternativos.

Ronaldo, corpo e moda



Na Realidade, Ronaldo Fraga, não é apenas um estilista que mostra o que é bonito e usável e tendência e ponto. Ele é um estilista que tem um certo senso crítico a respeito das coisas que acontecem no mundo e uma delas que atualmente vem incomodando o mundo e afetando possívelmente o mundo da moda seria essa questão do culto ao corpo e só apenas atentar-se para aparencia jovem, bonita, malhada, etc... O mundo se tornou muito estetizado, apesar de muitos não concordarem o mérito da sociedade é se exibir e como a concepção de beleza se transformou em patologia, essa se tornou a forma de se exibir: sendo jovem, magra, usando o que é fashion e caro e moda não necessariamente é isso. Moda é linguagem não verbal que mostra moldes, costumes, hábitos, é um fenomeno sócio cultural que todo o mundo tem mesmo sem ter isso concebido formalmente.




Ronaldo Fraga, faz moda de um jeito diferente, e muitas vezes assusta às pessoas, seus shapes não costumam ser tão convencionais assim, suas cores também não, tanto que seu público favorito é um público mais alternativo que concorda com questões que ele coloca sendo qualquer o tema.




As coleções que me chamaram mais atenção para questão à crítica do culto ao corpo foram a do corpo cru, do carrosel de cabides de açougue, no qual, as roupas eram penduradas e desfildas e em seu último desfile, o qual homenageia a velhice e coloca esta como um molde tranquilamente aceitável e belo para sociedade. Além é claro da cenografia e das roupas serem naturalmente belas.




Creio que sua concepção de corpo, não esteja ligada à concepção de corpo que por exemplo o Alexandre hertchcovitch teria, já que foi ele que introduziu no Brasil modelos esqueléticas, mas apesar de Alexandre ter concepções interessantes, creio que Ronaldo Fraga, vai mais a fundo na sua proposta de não de deixar dominar tanto assim pelo mercado.




E aí vão as perguntas: Por que as modelos tem que ser magras? Para incentivar às mulheres brasileiras a criarem um corpo impossível. Elas ñão são Francesas e tem curvas naturalmente formadas por musculos e ossos impossíveis de serem arrancados.




Creio que a problemática tem que ser resolvida justamente com a ajuda de estilistas Brasileiros inteligentes e com senso crítico como estes citados, que eles que estão de certa forma "lançando moda", lancem moldes corporais para que assim se forme um círculo e a mídia passe aos poucos esses moldes que se tornariam novas concepções corporais à população, que na maioria das vezes está envolta a este culto ao corpo e que r alcançar objetivos impossíveis, idolatrando um corpo inexistente e se flagelando por não alcaçá-lo.




Abaixo uma reportagem Bem interessante de Ronaldo Fraga:



Sobre Ronaldo Fraga


Humor, ousadia e crítica social. Essas têm sido as constantes nas coleções do mineiro Ronaldo Fraga, de 36 anos, que, temporada após temporada, dedica-se a contar "histórias absurdas do homem comum", como ele próprio define.

Graduado em estilismo pela Universidade Federal de Minas Gerais no início dos anos 90, passou os anos seguintes especializando-se no exterior. Em Nova York, cursou a Parson's School com a bolsa que recebeu por ter vencido um concurso da empresa têxtil Santista.

Em Londres, aprendeu chapelaria na Saint Martins e, junto com o irmão, abriu uma pequena produção de chapéus, vendidos nas famosas feiras de Camden Town e Portobello. Com a renda do negócio, viajou toda a Europa.

Em 1996, veio ao Brasil para participar do Phytoervas Fashion, em São Paulo, em uma das primeiras edições. O desfile "Eu Amo Coração de Galinha", colorido e alegre, surpreendeu a todos numa época em que o espírito clean ditava a moda.

Viriam mais duas participações e a volta em definitivo ao Brasil. No último Phytoervas Fashion, em 1997, com a coleção "Em Nome do Bispo", inspirada na obra do artista Arthur Bispo do Rosário, ganhou o prêmio de estilista revelação. Ainda em 1997, Fraga lançou a sua marca própria.

Na Semana de Moda - Casa de Criadores, que passou a integrar em seguida, abordou temas como a cópia no mundo da moda e religiosidade. Na derradeira participação nesse circuito, em 2000, fez uma dobradinha com Jum Nakao. Com o desfile "A Carta", ambos homenagearam um ao outro.

Em 2001, Fraga foi convidado a entrar no São Paulo Fashion Week e desde então desfila nas duas edições anuais do evento. Logo na segunda participação, as roupas para o verão 2001-2002, inspiradas em Zuzu Angel, foram indicadas como melhor coleção feminina de 2002 para o prêmio Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil.

Na edição seguinte, o estilista causou grande impacto ao apresentar as roupas de inverno em estruturas de metal com um sistema de roldanas que trocava os modelos por bonecos de madeira. Vieram, ainda, um desfile de cunho social, cujas roupas foram bordadas por presidiários, e um outro baseado no artesanato do Vale do Jequitinhonha.

A música inspirou as duas coleções mais recentes. No penúltimo São Paulo Fashion Week, o cantor gaúcho Lupicínio Rodrigues foi o mote. E em julho último, uma homenagem ao tropicalismo e ao cantor Tom Zé no desfile intitulado "São Zé". Para a primeira edição, em janeiro de 2005, o estilista promete um desfile inspirado no poeta Carlos Drummond de Andrade.

As roupas de Ronaldo Fraga são vendidas em duas lojas próprias, uma em Belo Horizonte e outra em São Paulo, e em 30 multimarcas espalhadas pelo Brasil. Seu showroom em São Paulo fica na "Lei Básica", loja de marca capixaba que Fraga é responsável pelo conceito desde 2001.

O público que procura essas roupas? "Pessoas que têm um domínio da própria história", diz o estilista. "Sejam adolescentes ou senhoras".

Corpo para Hertcovitch

De "esculturas vivas" à arte performática
Retirado do Livro do Herchcovitch (Livro - Herchcovitch; Alexandre , Cosac & Naify)
Em seu diálogo com as imediações do corpo, a moda há muito tempo tem com ele uma com­plexa relação - algo que só mais recentemente a arte começou a explorar. O próprio corpo, ainda mais que as representações que dele se faz em tinta ou mármore, tornou-se importante lugar de prática artística. Das "esculturas vivas" à arte performática, o corpo passou a ocupar o centro do palco. Às vezes, registra-se não sua presença, e sim sua falta: as roupas podem ser o misterio­so, pungente vestígio ou memória de uma pessoa ausente.

O que segue agora é uma tentativa de rastrear, com base na sua história, os traços mais signi­ficativos das ideias de Alexandre Herchcovitch. Três grandes áreas são delineadas: a primeira, do modo como as roupas se articulam com o corpo que é por elas abrigado, ocultado e exposto; a segunda, do papel que o fetichismo e sua lógica de deslocamento e substituição desempenham na moda; a terceira, da natureza da subjetividade masculina e feminina em relação ao desejo, e a necessidade do espetáculo e da exibição.

O corpo não habita suas roupas à maneira de um ermitão-bernardo, como se estas fossem mera carapaça: é criado e definido por elas, molda-as e é por elas moldado. Herchcovitch reinventa con­tinuamente o modo como suas roupas envolvem o corpo e, neste aspecto, parece mover-se entre dois pólos. Por um lado, trabalha para criar a mais completa forma única, um contorno em que a cabeça é apenas extensão do corpo, que permanece tesamente contido no interior de um espar­tilho ou de uma única faixa de tecido. Como ele mesmo diz, sua intenção é reter a personalidade no interior do próprio corpo, evitando que o modelo possa ser "mais do que as roupas".

Em relação a isso, há dois aspectos a

Por outro lado, Herchcovitch faz experiências com métodos de enclausuramento do corpo, pro­duzindo roupas que são especificamente independentes do próprio corpo do modelo e que assumem inesperadas e imprevistas formas quando vestidas. Essas experiências são, num certo sentido, bastante abstraías, lidando com volumes estranhos, que-enfatizam a artificiali­dade do vestuário em vez de seu caráter de "segunda pele".
Herchcovitch criou, por exemplo, volumes incomuns ao embalar com borracha retângulos sólidos, ou pirâmides, cuja geometria abstrata entra em acentuado contraste conr o corpo humano. Os moldes para esses vestidos, calças e calções de borracha são criados em estúdio, como uma espécie de antimanequim. Em veia similar, ele funde a borracha em manequins gestantes para criar trajes a ser usados por suas modelos magras. Como resultado, obtém volumes que mantêm independência de suas formas. Não se trata aqui de dizer que um método de abrigar o corpo é mais natural que o outro, e sim de reconhecer os constrangimentos e a construtividade do vestuário.

Editorial especial 1998 de Alexandre Herchcovitch

Proximidade da primeira pele com a segunda pele; de forma radical e forte :
Culto ao corpo ou culto à moda?
Corpo ou roupa? Pele ou látex?
natural ou artificial? Crítica ou incentivo?
















Obs: Corpo se funde com a roupa, corpos artificiais como crítica, editorial inusitado, susto para o espectador, modelos alternativos.

Moda,Corpo, Trasformação e Morte



De acordo com o livro de Alexandre Herchcovitch, o qual, fala de suas criações e de suas histórias e suas metáforas para a caveira que é um objeto tão evidente nas coleções do autor, achei evidências interessantes que mostram simpatia e ligação com dizeres de Walter benjamin, que por coincidência é um dos meus pensadores favoritos, por que n

não dizer ídolo? Ele pensa no tempo dele mas é como se estivesse no tempo do hoje , então resolvi retirar grande parte do livro para entendermos como a moda, o corpo estão em constante transformação, e são cheios de paradoxos: " madame morte! Madame Morte! " essa é a moda... e por consequencia, esse é o corpo, justamente por que ele envelhece e com o tempo se modifica, ou justamente por que ele é cultuado de tal forma que com tamanha rapidez ocorre uma certa " morte" da identidade de quem era aquela pessoa X que tanto de multilou... ou se embelezou?


Herchcovitch, de forma inusitada cria laços com a morte, com adornos mitificados.Esse gosto se estende ao adorno pessoal. Entre as tatuagens de Herchcovitch no braço, vê-se a longilínea e lúgubre imagem de Mortícia - a matriarca da família Addams,ou de outra personagem que seria a "Senhora Morte". Então entra-se a fundo, no corpo do próprio estilista que é tatuado com símbolos que tem muito em comum com as roupas feitas por ele para outros corpos, no corpos do vestirem....


E o que não é o corpo, as metamorfoses do corpo? Muda-se, morre-se uma parte e renasce outra parte que se esquece da outra. Se faço plástica, morri e deixei para trás um outro eu, um outro corpo, sim é a morte. Da mesma forma, a moda, é lançada em 2008 e em 2009, esquece-se o que já passou, morreu, o que vestíamos para trás ficou às moscas... As lavras comeram e não podemos retornar se não mudarmos e tornarmos o resto descartável... Essa é a Lógica...


Abaixo um grande trecho retirado do livro que achei importante ao relacionar estilistas Brasileiros à minha pesquisa:


Walter Benjamin escolheu essas palavras do "Diálogo entre a moda e a morte", de Leopardi, como epígrafe para as reflexões e citações que faz a respeito da moda em seu Árcades Project. A seguir, ele insere uma citação dos Pensées, de Balzac: "Nada morre; tudo é transformado".'


A moda está cheia de paradoxos. Nada exorta a mudança tão incessantemente quanto ela, ainda que, ao mesmo tempo, opere para disfarçar e mitigar os efeitos da idade. Benjamin viu aí uma dialética entre mulheres e mercadorias. Mas, se por um lado a mudança faz lembrar a todo ins­tante a mortalidade, por outro, ela não apenas ironiza a morte como também a trapaceia:


" A moda nunca foi nada além de uma paródia do cadáver bufão, de uma provocação à morte feita pela mulher, de um colóquio amargo com a decadência, sussurrado entre explosões estridentes de gargalhadas mecânicas. Eis o que é a moda. E é por isso que muda com tanta rapidez: ela incita a morte e já é algo diferente, algo novo, que nesse mesmo instante se prepara para esmagá-la". 2


No passado, os monges usavam os ossos dos companheiros para decorar celas e capelas — um dos mais estranhos, mas mais palpáveis, memento mori. Hoje, encontram-se herdeiros dos memento mori em todos os cantos: na cultura popular, na rua, em casa (não apenas entre a parafernália de godos e vampiros mas também em adereços, filmes, vídeos, jóias e jogos infan­tis - os cenários sombrios dos romances góticos de horror, por exemplo, servem de matéria- prima para brinquedos e jogos, como Dungeons & Dmgons). Herchcovitch guarda, entre seus pertences pessoais - meticulosamente ordenados -, uma maravilhosa e macabra coleção de caveiras e esqueletos que inclui desde modelos de anatomia a calaveras mexicanas, de uten­sílios em forma de crânio (descendentes distantes das taças usadas por astecas e vikings) a um castelo-caveira, cenário de um jogo.


Esse gosto se estende ao adorno pessoal. Entre as tatuagens de Herchcovitch no braço, vê-se a longilínea e lúgubre imagem de Mortícia - a matriarca da família Addams, ou, se alguma vez tal personagem existiu, a "Senhora Morte" em pessoa. Ela é cativante, letal, uma das mais diverti­das integrantes da formidável companhia das anti-heroínas — da qual também fazem parte Barbarella, do filme de Roger Vadim, e Andrea, em Kika, de Pedro Almodóvar —, e sua forma esguia, erétil, em traje negro por onde escorre o cabelo em mechas, sugere um substituto feti-chista, como uma dominatrix. Tais figuras são personificações modernas da força dual de Eros e Tânatos, amor e morte. O corpo das personagens, envolto em trajes justos e pregueados que lembram uma fantasmagórica "segunda pele", torna-se o palco para os deslocamentos e as nega­ções do fetichismo.


A sexualidade homologada — a heterossexual e reprodutiva — vem sendo cada vez mais contes­tada na arte, na moda e na cultura popular. A sexualidade encontra expressão em formas que sub­vertem e caricaturam o corpo e seu vestuário. "A 'alteridade' de Andrea", escreve Anthony Shelton em Fetishism: Visualizing Power and Deslre, "é representada por um vestido preto em que dois cortes revelam seios artificiais dos quais goteja um reluzente sangue vermelho, enquanto seus cabelos são cobertos por uma rede de fios pretos, emborrachados e lustrosos".3 Os corpos de figu­ras como Andrea ou Mortícia parecem manipular e ser infinitamente manipuláveis. Na moda recen­te, como na arte, o desejo circula por todo o corpo, variando o foco da energia erótica.


Atualmente, não se poderia estabelecer uma relação de identidade entre moda e mulheres tão prontamente como fizeram Walter Benjamin e o poeta do século XIX Charles Baudelaire, um dos primeiros a abordar a moda com seriedade. Mudança quase tão importante quanto a ocorrida no fim do século XVIII — quando os homens renunciaram à cor — é a que se assiste em anos recen­tes, com extravagantes e ornamentais variações de estilo - e estilistas como Alexandre Herchcovitch hoje criam com o mesmo fervor inventivo para homens e mulheres. Além disso, com frequência e de forma singular, os desenhos não mais se limitam ao isso-ou-aquilo do vestuário convencional: os canais em que por séculos fluiu o "jeito de vestir" de homens e mulheres come­çam a convergir, ou, quando se separam, fazem-no em segmentos distintos. O género é fator mais complexo do que a certa altura pareceu ser, e a mais óbvia demonstração sexual observada no que vestimos tem uma relação altamente ambígua com a anatomia do masculino e do feminino.

1 Benjamin, Walter, The Árcades Project, Cambridge Mass., 1999, p. 62.

Sobre Alexandre Herchcovitch ...


O estilista paulistano Alexandre Herchcovitch cria oito coleções anuais para a própria marca, criações de produtos licenciados para diversas empresas, desfiles anuais na badalada Semana Prêt-À-Porter de Paris, na Semana da Moda - 7th on Sixth, em Nova York, e dois por ano no São Paulo Fashion Week.Em 2002, Herchcovitch assumiu a direção de criação da Cori, com a missão de rejuvenescer a clássica grife, que, com uma nova cara, ingressou no São Paulo Fashion Week. Em junho passado, o estilista assumiu a direção da Faculdade de Moda da FMU, em São Paulo. E ainda lançou recentemente um concurso de modelos, procurando encontrar alguém que representasse a "beleza brasileira".Sua trajetória na moda brasileira foi construída em pouco mais de dez anos de carreira, suficientes para transformar o nome Alexandre Herchcovitch em uma das marcas mais poderosas do mundo fashion. Com 33 anos, o estilista saiu da faculdade de Moda em 1993. Apesar de ter arrasado no desfile de formatura, até hoje não obteve o diploma devido à reprovação na matéria Linguagem Instrumental, que nunca se esforçou em refazer.A carreira profissional é aparentemente curta, mas o casamento de Herchcovitch com a moda já vem da infância. Aos dez anos, palpitava sobre as roupas que a mãe, dona de uma pequena confecção de lingeries, vestia. Logo estava aprendendo a trabalhar com tesoura, agulha e linha e, aos 16, costurou um vestido de organza.


O que impressionou a mãe nesta estréia precoce foram as esferas presas à barra para dar caimento ao tecido. Era indiscutível: o adolescente revelava um talento excepcional para a moda.Do primeiro vestidão às estampas de caveira, famosas no underground paulistano dos anos 90, passando por roupas para prostitutas e travestis, modelos clássicos de executivas desenvolvidos para a Cori, e camisetas com motivos de Walt Disney de 2003, Herchcovitch foi surpreendendo e se revelando um camaleão, dotado de uma sensibilidade, capaz de vestir qualquer tipo de pessoa. Isso tudo sem contar a diversidade de produtos que tem criado em parceria com grandes marcas: calçados para a Democrata, jóias para a Dryzun, meias e cuecas para a Lupo, fundos de tela de telefones celulares para a Motorola, sandálias para a Melissa e cadernos para a Tilibra, entre outros.


Uma dessas parcerias, com a Hello Kitty, chamou a atenção da cantora Björk, que saiu na revista francesa "Art Actuel" em 2003, vestindo uma camiseta com a estampa de Carmen Miranda.Herchcovitch também trabalhou na Zoomp e na Ellus. Atualmente, tem quatro lojas próprias, desenha modelos exclusivos em seu ateliê, exporta a linha jeanswear para os Estados Unidos e Reino Unido. Além da moda, o estilista é um personagem da noite. Ao lado de Johnny Luxo, anima festas por todo o Brasil como DJ, tocando hits dos anos 80 e 90. Na TV, fez uma pequena participação na novela global "Desejos de Mulher", em 2002.