O que é beleza?

O que é beleza?
beleza através dos tempos

sábado, 23 de março de 2013


EM RESPOSTA A UM IDIOTA PRECONCEITUOSO, ALIÁS ALGUNS IDIOTAS PRECONCEITUOSOS,  QUE PELO MENOS ME SERVIRAM DE INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER ESTE TEXTO, QUE PODE SER ÚTIL PARA REFLEXÕES ALHEIAS E ATÉ PARA A PRÓPRIA REFLEXÃO DELES.
Uma foto semi pornográfica de uma mulher seminua foi postada em um site de rock e eu questionei o que o rock tem a ver com mulheres seminuas? Isso é no mínimo, machismo. Quando revelei minha opinião fui bombardeada, por que os rapazes pensam que rock é praticamente, se não é, sinônimo de mulher"gostosa" "seminua" com roupas darks, se parecendo prostitutas, enfim, não estou aqui para julgar, apenas para manifestar minha liberdade de expressão.

Abaixo alguns comentários sobre a foto, que me fizeram questionar as opiniões dos seres humanos sobre um estilo musical:

"Olha só esse bando de gorda chamando a menina de puta só pq ela ta seminua " (Fulaninho do facebook sem noção) 
"Nossa que mulher gostosa e rock and roll" ( outro fulaninho)
"Eu chupava todinha" ( Outro fulaninho)
" As Gordas estão com inveja dessa delícia" ( outro fulaninho)
"Porque gostosa porque e rokera" (outro fulaninho)
"Rockeiras sempre são lindas e hots" ( outro fulaninho)
"Só da gorda escrota nessa porra.. para de criticar a mina porra..  (outro fulaninho)
"putas são vcs gordas, que só comentam merda sem nem conhecer a menina" ( outro fulaninho)
" isso é o bom do rock" (outro fulaninho)"
"Por isso que eu amo o Rock" ( outro fulaninho.)



 Quem gosta de Rock and Roll ?


Quem gosta de Rock and Roll deveria ter a mente mais aberta e ser um pouco mais inteligente... concordam??? É o que dizem por aí....

 O Rock é uma música que protesta tanto, com suas guitarras destorcidas, com seu volume tão alto, com vozes contorcidas e às vezes faladas ou gritadas, como um discurso, que muitas vezes tem letras que falam de amor, decisões, política, Viver a vida, da simpatia pelo oposto, da antipatia pela sociedade e da manipulação midiática, e até sobre a própria idéia de ser alternativo, de ser solitário, mas por outro lado rejeitar isto no seu interior, ou ter algo para vencer em sua própria vida, dentre outras temáticas...enfim, sobre não ter preconceitos, ser do mundo, ter a mente aberta, aliás super aberta....
Em geral, tantos roqueiros usam tantas tatoos e piercings,roupas darks, com nomes de bandas, dentre outros acessórios, enfim, vejo como um estilo de Vida, de ser alguém que é diferente e que não se importa com isso.

Então, hoje no face, me vem um , dois , tres......cinquenta  fulaninhos falando que rock and roll é sinônimo do que eles chamam de "mulher gostosa" ( divulgada com este nome pela mídia): A mulher gostosa seria aquela que se objetifica com prazer, que se veste como uma prostituta e tem curvas de acordo com o padrão de beleza visado na cultura contemporânea, então eles simplesmente aceitam este conceito e se tornam burros e inconsequentes que pensam que gostar de rock é  apenas fazer sexo, usar drogas e ter as tais "gostosas" por perto, na hora em que quiserem, e talvez durante um show bem barulhento, em que nem entendem o que a banda representa, o que a banda quer ser, muito menos a mensagem da sua música...

Desculpa aí se estou jogando "pérolas aos porcos" (para os fulaninhos, talvez), mas isso pra mim está mais pendendo para o lado do Funk carioca,que tantos roqueiros rejeitam, a música que toca em uma cultura dominada pela pobreza, miséria, ignorância, de um povo que muitas vezes quer e  precisa extravasar certos escândalos, certas coisas que vivenciam em sua vida cotidiana ou que simplesmente aceitam e chegam a um acordo com a mídia e simplesmente aceitam que aquilo é algo bom, legal, gostoso, agradável; não que sejam piores que as outras pessoas, aliás nem são. Mas pelo que sei, alguns roqueiros não gostam tanto de subjugar outros estilos, muitas vezes criticar e morrer de rir de outros estilos musicais???? Pelo menos, é o que vejo, leio e escuto da boca de alguns. Mas, daí esquecem que estão entrando em contradição com suas próprias críticas já que vem agindo como o tal do funkeiro, pagodeiro, "axezeiro", "sertanejeiro", etc...pelo menos, é isso que tem aparecido no facebook... Longe de mim, julgar e criticar roqueiros de verdade, eu mesmo sou uma, me considero uma, já que tenho atitude e pensamento relacionado ao estilo e conheço muitos adeptos de fato do ROCK, que são mesmo Rock and Roll;

Quem é Rock and roll:  é no seu modo de viver, de agir, de pensar , de escrever, de cantar, de ouvir, às vezes até de vestir, mas nunca se é " rock and roll ", quem acha que estupidez, violência, objetificação da mulher, sexo e drogas são sinônimo de ser Roqueiro. Ser Rock and Roll é um estilo de vida... É um modo completamente inteligente e alternativo de agir e de pensar. SE VOCÊ pensa e age como a sociedade manda e desmanda, como as revistas descrevem que você deve ser, se comportar, agir e pensar, eu sinto muito," meu querido", você não é rock and roll por que chamou uma menina gorda de GORDA, com intenção ofensiva e preconceituosa, afinal, se ela é gorda, e daí, você pensa que ofendeu?NÃO.

 Você na verdade é ridiculamente superficial, infeliz e muito ignorante... E triste, tão triste, que acha que humilhar, subjugar, ser preconceituoso e discriminar as pessoas vai fazer você se sentir melhor... Na verdade penso que você  está  mais para Skinhead do que para" Rock and Roll", meu Caro.

Sendo assim, por favor, evite a vergonha própria e alheia de outros "Roqueiros"  pense e leia mais, muito mais em sua vida, preste atenção no que você ouve e perceba a linguagem e a mensagem envolvida no ROCK como um todo.Seja diferente, seja alguém de verdade, não seja um mero seguidor do que mandam você ser...Seja seguido! Seja autêntico! Seja Rock and Roll, de fato e não ofenda seus companheiros com uma atitude idiota em uma rede social.

Texto de Renata Bhering, (A Gorda, chamada de gorda que pensa que o fulaninho não gosta de Rock and Roll e sim de " mulher da mídia vestida com roupas de prostituta dark".)

domingo, 11 de novembro de 2012

VOCÊ NÃO PRECISA DE CADEADOS, MAS DE BOM SENSO!!!!


Pequena reportagem retirada do site " Planeta Diário" : 


  Médico manda mulher colocar cadeado 


 na boca e na geladeira para emagrecer!(Absurdo)



O médico que receitou “cadialina” para uma dona de casa de Salvador emagrecer foi afastado ontem de suas funções. José Soares Menezes é contratado da Fundação José Silveira e percorre comunidades carentes da capital baiana em um posto móvel da entidade, que é conveniada à Secretaria de  Saúde da Bahia. O afastamento, segundo a fundação, terá a mesma duração da investigação.
Adriana Santos, 33, mostrou um receituário em que o médico recomenda “cadialina” para a mulher conseguir emagrecer. Ela conta que, ao perguntar sobre onde poderia encontrar o remédio, o médico indicou que ela procurasse um ferreiro e comprasse seis cadeados. “Um para a sua boca, outro para a geladeira, outro para o armário, outro para o freezer, outro para o congelador e outro para o cofre de casa”, relatou à “Folha de S.Paulo” a mulher, que diz ter 1,53 m de altura e 100 kg.
O Conselho Regional de Medicina da Bahia recebeu a queixa da dona de casa e prometeu abrir uma sindicância para apurar se houve infração ao código de ética da profissão.
Adriana disse ter contado que não poderia fazer uma cirurgia de redução do estômago. O médico, de acordo com ela, afirmou que sua filha chegou a realizar o procedimento, mas, como continuou sem fazer regime, acabou engordando novamente. “Ele ainda falou que, se eu não quisesse os cadeados, o jeito seria fazer jejum em quatro dias da semana. E, nos outros três, só beberia

MEU COMENTÁRIO: 

Médico manda mulher colocar cadeado na boca.... No mínimo : Cruel, nojento, sem noção. A Sociedade está doente e cada vez mais, existem pessoas mais mais e doentes nesta sociedade....



Primeiramente, ser gordo até certo ponto não é doença. A Obesidade é perigosa quando passa de certos limites que afetam seu corpo, e até sua condição psicológica, mas a sociedade e a cultura midiática introjetaram na
 mente das pessoas que só o magro é saudável, atraente, sensual e bonito, e isso é um absurdo e o pior que todo mundo cai nessa e ainda acha que está completamente certo.... PENSE! REFLITA!


A maioria das pessoas acreditam nesta besteira. Se você está gordo além de certos limites, tudo bem, vá a um bom médico, de preferência indicação, ou se não puder, simplesmente coma menos do que de costume,, diminua as "besteiras", "Refrigerantes", etc e e faça mais exercícios físicos, mas não necessariamente para ficar com o corpo "deformado", "Desnutrido", "magro" e achar que está linda igual a uma modelo da revista. CADEADO NA BOCA FOI DAS COISAS MAIS ABSURDAS QUE OUVI ! 


Assuma seu formato de corpo, esteja saudável estando ou não um acima do peso, mas claro que não gravemente acima, temos que ter senso. O importante é estar SAUDÁVEL e não MAGRO ou até abaixo do seu peso para sua barriguinha estar "retinha e você saradinha" (o).... (Isso é extremamente doentio)



O seu Manequim não é tão importante quanto sua saúde.... E sua beleza não depende do seu manequim, entendeu?! Não fique doente junto com esta nossa sociedade, tente curá-la a partir do seu gesto, do seu jeito, do seu próprio corpo... AME-O! CUIDE-SE!





                         cadialina                                    

Esta receita médica é um afronte, uma ofensa e uma falta de ética profissional total com a mulher que percebeu que a obesidade estava a afetando e foi procurar um profissional para ajudá-la a emagrecer pelo bem de sua saúde. O médico foi abusivo e preconceituoso... É muito triste saber a que ponto chegamos...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Análise da imprensa feminina a partir de Leslie Rabine

Análise da imprensa feminina a partir de Leslie Rabine


As revistas de moda tornaram-se, desde o final da década de 60, o veículo improvável de conflitos sociais e políticos não resolvidos afinal, ao mesmo tempo que estas revistas faziam propagandas e incentivavam o consumo, elas surpreendiam quem não era leitor, afinal elas serviram e servem crescentemente de fórum para o feminismo norte americano e também para alguns movimentos civis e ecológicos. Leslie Rabine, coloca em seu texto, que as revistas de moda mesmo sendo conhecidas por tratarem de coisas fúteis e de certo modo “sem valor”’, desde o final da década de sessenta , têm nos conduzido a alguns conflitos mal resolvidos . Uma análise destas revistas mostrara também uma certa “duplicidade” no que diz respeito a capacidade de oprimir as mulheres, que a moda tem tornando seu corpo um objeto vendável e consumivel e aprisionando seus desejos ao consumismo, podendo ser considerada o meio mais expandido de auto-expressão da mulher.


O Eu feminino expressado pela moda é também uma das principais forças para produzi-lo. As mulheres sempre belas, exuberantes que estão nas revistas ou editoriais de moda representam um sistema simbólico de signos de opressão e liberação no interior das imagens do corpo feminino.


A moda comunica mensagens simbólicas que vão além da imagem e da condição de valor de uso. Ela faz parte do estudo da semiótica pelos signos. É a concretização de uma idéia pautada pelas crenças e valores de uma sociedade em determinada época. É efêmera. É fútil. É cultura. É aprisionante e é libertadora ao mesmo tempo. É capacidade de expressão. “

Uma contradição vem acompanhando a história da moda desde o começo do século XX e essa questão é exatamente a da opressão e liberação do corpo da mulher, talvez seja uma das contradições mais fortes que acompanham a história da moda.Ora espartilho, ora modelo império, ora shape ampulheta, ora shape H. Sempre se aprisionando e se libertando através da moda que está sendo ditada no momento.


Mas quando ela está falando de contradição no texto, Lelie Rabine, se refere às décadas de 60/70. Quando surgia o que chamamos de “ liberdade”, pelo menos em certos parâmetros. E quando as revistas da época começaram a realmente lançar mudanças específicas na representação da moda.


Pesquisando a respeito de liberdade e opressão achei um texto de José Cerqueira Dantas. Que possivelmente faz uma interface com o tema. Ele não está de todo certo,talvez até um pouco machista em certo ponto, mas achei suas palavras de certo modo verdadeiras quando ele coloca que a moda muitas vezes aprisiona a mulher que acaba vivendo ou pelo menos acabava vivendo em uma triste condição feminina, vivendo para exterioridade. Antes proibida de se mostrar, hoje quase que obrigada a se mostrar e acabando se colocando em uma situação de objeto. As roupas da moda hoje muitas vezes são impostas à mulher que acabam sendo dominadas,oprimidas e escravizadas.


Bom , anexado ao trabalho existe uma reportagem que pode ser relevante para este tema. Pode ter um lado um pouco pejorativo, mas um outro lado me pareceu interessante a respeito dessa contradição tão duradoura.


Além de observar contradição que acompanha a mulher e a moda desde do início do século, Leslie Rabine notou três mudanças específicas que aconteceram sobre a representação da moda a partir do final da década de 1960 e do início da de 1970, além destas, pautei mais uma, que no presente talvez seja uma das mais importantes:


A primeira mudança pode ser chamada de “ diversificação de estilo” e nos fala a respeito da revista vogue que lançou em uma de suas páginas um estilo “ Jakqueline Kennedy” de conjuntos de vestidos retos, estruturados, trapézios, formais e elegantes. Ao longo da década esse estilo sofreu mudanças que revelavam mais o corpo sendo mais sugestivos de costumes e fantasias exóticas e audaciosas. A segunda mudança poderia ser chamada de antropológica. E foi caracterizada por uma ausência de indicações de como as leitoras vivem, só haviam anúncios de roupas de banhos que mostravam férias de verão, mas sempre indiretamente e vagamente. Dicas para jantares, Assuntos temporais apareciam apenas como notas. Na década de 70 pela primeira vez a revista falava de assuntos políticos, econômicos. Além disso, sua sessão de arte e letras, livros e filmes se expandiu , a revista passou a ter resenhas sobre o assunto.


A terceira mudança, pode ser chamada de “reflexão” e reforça essa contradição e faz uma auto reflexão da parte de moda e de suas leitoras. As revistas vogue passaram a refletir sobre a leitora, sobre o que ela é, o que ela faz, o que ela pensa , a convidando a refletir mais sobre sua relação com a moda . A quarta mudança, acrescentada a este trabalho, pode ser chamada de tecnológica, afinal a imprensa feminina, faz um papel atualmente, que divulga a imagem feminina de forma diferente, ressaltando uma artificialidade que afeta profundamente as leitoras. As imagens fotográficas da moda são quase todas trabalhadas por softwares Gráficos, mostrando corpos plastificados, artificializados. Isso implica em uma cultura de desejo por corpos moldados e transformados, gerand uma supervalorização da aparência.


As revistas vendem atualmente uma ”mulher” artificializada que parece congelada no tempo. Atualmente as mulheres não querem envelhecer e se transformar, justamente por que isso afeta na sua aparência e atualmente aparência é tudo, sendo assim a mulher não quer sofrer por conseqüência discriminação e pressão da sociedade em que vive.



Segundo a autora, a moda faz o corpo feminino se tornar um conjunto de significantes articulados a dois sistemas diferentes de significados. Leslie dá dois exemplos interessantes uma dentro e uma fora do universo da revista vogue. Em fotografias da revista vogue é possível ver mulheres usando lingerie nas ruas como sinal de liberdade, isso passava uma mensagem de confiança :“ A mulher hoje em dia é mais confiante... “ Não precisam ser orientadas” .. Isso você usa nesta ocasião”.



A vogue categorizava uma maneira nova de se vestir sem limites, com liberdade, sendo mais confiante e protestando de certo modo contra a “opressão” e “ ditadura” da moda que impõe o que temos que usar. Na revista, nesse sistema de significado, essa atitude teve um efeito e um ponto de vista. Significou realmente a mulher querendo se libertar, ultrapassar limites... Porém no outro exemplo a autora mostra que na vida real por mudarmos os significantes e os sistemas que seriam o sistema “revista” e o sistema “vida real”, a roupa , o modo de se vestir da mulher quis dizer outra coisa, pelo menos pelo júri.


A Autora conta o caso de uma mulher em 1989 que violou esses limites nas ruas, no mundo real, e foi interpretada de maneira diferente. A leitura masculina que ela foi sujeita foi única e bem diferente da do caso “vogue”. Ela foi raptada e estuprada e quando o estuprador foi julgado ele foi absolvido por um júri masculino que deu autoridade para o estuprador ter feito o que fez e disse que a mulher com as roupas que estava queria provocá-lo e que a única leitura que poderia ter sido feita era a do estuprador.


Realmente ao dar esses exemplos a autora mostra como o corpo feminino e suas roupas podem cair em uma contradição terrível e se tornar esse conjunto de significantes articulados a dois sistemas diferentes. A pós década de 70, novos elementos das revistas de moda passaram a contribuir para evocar o desejo da leitora por uma identidade. Os elementos são o aumento da auto-reflexão, uma aparência mais espalhafatosa e sexy e ainda conseguir ser a voz dos movimentos sociais progressistas, evocando assim o desejo da leitora por uma identidade.



A história da moda com certeza foi sempre acompanhada por essa contradição um tanto "sofrível" que é justamente a questão da " opressão x liberação " do corpo feminino, já mencionada e a mulher vem sempre se aprisionando e se libertando através da moda que está sendo 'ditada' no momento: obedecendo padrões novos e desobedecendo padrões considerados 'antiquados', se libertando do machismo e se aprisionando no padrão vigente de beleza e mesmo nos tempos atuais, podemos dizer que essa contradição permanece de forma diferente.. A mulher se apresenta como independente, emancipada, feminista, quando na verdade se rende aos aprisionamentos da beleza, do luxo, do consumo e do padrão vigente.



A Imprensa sempre influenciou e influenciará as pessoas... ela faz um papel dúbio e o seu enfoque sempre será o consumo, infelizmente as informações que nos são passadas sempre sofrem manipulação e modificação para que ela chegue aos nossos ouvidos da forma certa. A imprensa feminina de maneira especial, consegue ser mais manipuladora e convincente, já que trabalha muito com a auto-imagem da mulher e Como as mulheres vivem em uma constante contradição e por que não dizer uma “confusão – mental” a respeito da sua existência e de seu lugar na sociedade, ela acaba por se tornar um alvo de fácil acesso...



terça-feira, 25 de maio de 2010

Louras das cervejas numa gelada


li e repasso. interessante, gente!

Louras das cervejas numa gelada


PUBLICIDADE — Publicidade das grandes marcas de cerveja volta a lançar mão da mulher de modo desrespeitoso, associando bebida e sensualidade de forma preconceituosa
Garota-propaganda da Skol: uma sereia "comestível"Gisela Sekeff
Da Agência Jornal do Brasil

Vender cerveja no Brasil é sinônimo de vender mulher. São tantas as beldades expostas que fica até difícil fazer uma correspondência precisa entre a garota-propaganda e a marca que está à venda. Divas seminuas, na praia ou no bar, sempre sorrindo, mas quase nunca falando. A nova leva de campanhas de verão, no entanto, conseguiu ir mais longe. Além de tratá-las como meras portadoras de corpos esculturais, fazem insinuações e comparações grosseiras. No filme Lúpulo, da Antarctica, associa-se a mulher à planta trepadeira. O recente comercial da Brahma, em que a tartaruga dá carona a duas belas morenas, insinua os sons de uma relação sexual no fim do filme. No mais recente anúncio da Kaiser, um galã de novela manipula uma garrafa de cerveja como se fosse um controle remoto — e, na areia, uma mulher de biquíni, tal qual uma marionete, repete os movimentos. O publicitário Roberto Duailibi, o D da agência DPZ, rechaça o recurso reducionista de usar mulheres nas campanhas. “A prática revela o preconceito que a propaganda tem contra o sexo feminino, que eu considero, no mínimo, desrespeitoso”, afirma.
Identificar o produto com mulher, e não com a marca, é um velho clichê publicitário. As campanhas cervejeiras, no entanto, tinham abdicado dessa fórmula. Durante 15 anos, o garoto-propaganda da Kaiser foi um anti-herói baixinho, barrigudo e de meia-idade — uma prova de que o uso da mulher pode não ser tão valioso como reza a cartilha da maioria dos publicitários. Quem não se lembra dele e de vários outros homens dançando no banheiro enquanto se “aliviavam”? O filme, ganhador do Leão de Ouro, em Cannes, e eleito pela rede ABC dos Estados Unidos como um dos 25 comerciais memoráveis da história, não estampava nenhuma musa na telinha. É certo que vez ou outra afrodites surgiam de biquíni, mas, no caso do produto cerveja, isso é natural, já que o filão concentra-se no público do sexo masculino. Pesquisas de hábito de consumo mostram que cerca de 65% dos consumidores de cerveja são homens.
Embaixadas no hotel — No verão deste ano, no entanto, as mulheres voltaram a invadir os comerciais da loura gelada. “Voltamos no tempo, mas essa regressão não pode durar muito porque não reflete as conquistas femininas”, afirma o publicitário Lula Vieira, presidente da agência V&S Comunicações. A Kaiser, marca mais masculina do mercado, cujo consumo feminino responde por apenas 35% das vendas, trocou a figura do baixinho por Mulheres, nome da nova campanha. No primeiro filme, elas são tão bonitas e tão cobiçadas por Du Moscovis, Fábio Assunção, Murilo Benício e Marcos Palmeira, que viram kaisers. Assim como há dez anos a agência Talent transformou a Brastemp em sinônimo de coisa boa, a idéia é fazer com que a Kaiser seja referência de boa marca. Nos cinco filmes lançados desde setembro, as beldades entraram e saíram de cena com a boca fechada. No bar, cenário de um dos filmes, as mulheres aparecem de biquíni e os atores vestidos. “Se eles estivessem de sunga acho que o público masculino não ia gostar muito”, explica Júlio Pedro, diretor de marketing da Kaiser. Num dos filmes, Du Moscovis e Fábio Assunção fazem comparações entre algumas beldades e embalagens de cerveja. A modelo de estatura média ganha o título de latinha. Já a mais longilínea, é a tradicional de 600ml. “Temos planos de colocá-las numa postura mais ativa”, completa Júlio Pedro.
Os entrevistados que votaram nas mulheres como tema da campanha são o público-alvo do site da cervejaria. Um click no link chamado “WC” abre duas portas de banheiro. Quem entra no masculino lê: “Pô, cara! Quer ver homem? Vai pro site das outras cervejas”. Quem escolhe o feminino vê oito mulheres que, como num desfile de debutantes, dão informações pessoais como altura, peso, medidas do busto, quadril e cintura, esporte preferido, hobby ou sonho de vida. “Se o Brasil é um país machista, talvez a gente retrate um pouco isso”, diz Júlio Pedro.
Caranguejos, moscas e cupins pagodeiros foram substituídos por modelos de carne e osso. A tartaruga boa de bola sobreviveu à era dos bichinhos animados, mas a estrada onde se passam os filmes estava precisando de umas curvinhas a mais. No terceiro filme da série, que estreou em outubro, o animal dá carona para duas moças que acabam seduzindo a tartaruga. Alguns metros depois, param num hotel. Uma das bonitonas aparece enquanto se ouvem gemidos da tartaruga. Com uma lata de Brahma na mão ela diz: “Ah, eu quero mais...” Só então surge a tartaruga, que está fazendo embaixadinhas. “Mais uma vez a propaganda transforma a mulher em mercadoria. Além de sexista, é idiota”, afirma a escritora feminista Rosie Marie Muraro. A Antarctica, que disputou durante anos o primeiro lugar de vendas com a Brahma, está lutando para não perder a terceira posição para a Kaiser. A antiga “paixão nacional” tenta agora explicar por que “com Antarctica é mais gostoso”, seu novo slogan.
Riacho — No filme Lúpulo, que estreou no começo de dezembro, três amigos tentam entender por que o primeiro gole de Antarctica é tão gostoso. Um pergunta: “Será que é a água?” E aparece a cena de cinco belas mulheres nadando num riacho. “Ou a cevada?” E de novo as lindas modelos surgem em meio a campos de cevada. Quando, enfim, um deles pergunta se seria o lúpulo, recorrem ao dicionário para ver o significado da palavra. “Planta da família das trepadeiras”, diz um deles. Logo imaginam como seria a cena e brindam à trepadeira. “Transformar a mulher em objeto ou trepadeira é um tremendo mau gosto”, diz Duailibi. “A plasticidade do filme inibe a sensualidade exagerada e transcende a questão da mulher ser ou não usada como objeto”, diz Gustavo Fagundes, gerente de marketing de cervejas da Ambev, que fabrica a Antarctica — e também a Skol e a Brahma. Um dos criadores do filme, o publicitário Cássio Zanatta, da Almap BBDO, completa: “Para quem ele se destina, os homens, é bem divertido. Num bar, os homens só podem estar falando de mulher”.
Desde que foi comprada pela canadense Molson, há um ano, a Bavaria, que tem a maior participação feminina no mercado — 48% dos consumidores são mulheres — sumiu das telinhas. No começo de dezembro, estreou a nova campanha com o slogan: “Bavaria, uma cerveja boa de copo”. Para estrelar os comerciais, nada de sertanejos ou musas etílicas. Os copos, que ganharam braços e rosto, foram eleitos garotos-propaganda. Quando a Bavaria é servida, os copos deslizam felizes. Quando não é Bavaria, eles não saem do lugar. “Temos um enorme respeito pelas mulheres que representam quase metade dos nossos consumidores. O que algumas marcas fazem com as mulheres é ultrapassado, pouco criativo e deselegante”, afirma Gustavo Ramos, vice-presidente de marketing da Bavaria.
A presença de mulheres em anúncios de cerveja é tão normal quanto mostrar crianças numa propaganda de volta às aulas. “Elas compõem o cenário do bebedor de cerveja no Brasil. É uma referência cultural”, diz Gustavo Fernandes, da Ambev.
De fato. Basta lembrar que o néctar da vida, como os antigos gregos a chamavam, ganhou no Brasil um apelido com muito mais apelo sensual: loura gelada.